Nós na disciplina também recebemos a
visita de uma gestora chamada Fátima que era responsável junto com sua equipe
sobre a construção do plano de saúde municipal. Ela esclareceu o organograma da
secretaria municipal de saúde, os departamentos envolvidos, as capacitações
previstas e todo um calendário de ações de oficinas e validações de indicadores
que iriam ser feitos. Não houve um aprofundamento do debate, foi mais uma
explanação da mesma, esclarecendo as metas da gestão em que fazia parte. Acho
que ela foi bastante solística, defendeu sua opinião como se estivesse trazendo
o melhor a ser feito naquele momento.
Refleti muito sobre aquele espaço,
penso que as contradições institucionais nos condicionam bastante a trabalhos
que pouco democratizam o direito a participação. O que é ser uma sanitarista em
um cargo de confiança em uma gestão do DEM? Acho meio ilusório achar que aquele
espaço é o possível, será mesmo que ela acredita nisso? Ou é só a retórica para
enfrentar seu trabalho cotidiano? Acho que uma construção de um plano municipal
faria mais sentido após um espaço democrático de conferência de saúde com ampla
mobilização da comunidade - mesmo sabendo que as conferências não chegam a
isso. Se o controle social e as conferências ainda podem mais, o que dizer de
uma oficina breve de convocação somente da chefia de um distrito?
Acho que teremos muito a refletir sobre
como a instituição Estado vê os atores do controle social. Na contramão
dos esforços das residentes, do papel isolado de algumas sanitaristas está toda
uma agenda enraizada em aspectos em que a técnica é plenamente política, econômica e
ideológica para um modelo biomédico, autoritário e liberal.
Para obter-se a finalidade pretendida,
necessita-se de instrumentos, atividades, relações sociais e uma organização
que permita uma ação social para transformar uma realidade em outra e não virar
uma presa fácil dos fatos e demandas.O
planejamento é uma oportunidade para o exercício da participação e de exercício
de cidadania. Podemos afirmar que no cotidiano profissional, onde exige-se um
projeto coletivo ético político em consonância com a reforma sanitária,
apoiar-se na técnica do planejamento como forma de democratização das
informações, construção de alianças na comunidade para fortalecimento dos
princípios do SUS, ou pode ser um instrumento inócuo, sem participação social, burocratizado e de
manutenção do status quo.
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